sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O chorão

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Trincheiras de vidro

Somos guerrelheiros por trás de uma trincheira de plástico e vidro,
Ás vezes olhando por entre a garrafa, podemos ver melhor nosso inimigo.
E com uma mesa de plástico para apoiar as nossas idéias,
Somos mais letais do que todas as drogas e panacéias.
 
Á noite fica mais perigoso,vestimos nosso traje vil,
Todo mundo se corrompe, "vá pra puta que lhe pariu".
Vamos cair na putaria, azucrinar, à todos apavorar, 
Vamos encher o saco do dono do bar!
 
E quando chegar de manhã
E ele não quiser mais nem vender a saideira,
Vamos correr para algum lugar escuro
Onde continue a nossa bebedeira.
 

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Sobre a alegria

Chamamos de alegria a [...] plena aceitação sem condições nem melindres da vida que se manifesta entre o piscar do ser e do não ser. A alegria não justifica nem rechaça nada: assume o irreproduzível e frágil que se lhe oferece como seu único campo de atuação. E com ele se deleita, com glória, com empenho, com generosidade que às vezes parece cruel, mas no fundo, pensando bem, é compassiva. A alegria é a força misteriosa que nos liga sem refutações à beleza na estética e ao bem na ética.
 
SAVATER, Fernando. A importância da escolha. Tradução Paulo Anthero Barbosa. São Paulo: Planeta do Brasil, 2004. p. 168-169.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Não tenhas

Não tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na alma,
Que quando te puserem
Nas mãos o óbolo último,
Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá.
Que trono te querem dar
Que Átropos to não tire?
Que louros que não fanem
Nos arbítrios de Minos?
Que horas que te não tornem
Da estatura da sombra
Que serás quando fores
Na noite e ao fim da estrada.
Colhe as flores mas larga-as,
Das mãos mal as olhaste.
Senta-te ao sol. Abdica
E sê rei de ti próprio.

http://www.pessoa.art.br/?p=166

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Apenas sentimentos

Um músico local fez uma versão de uma música nossa, ficou muito boa mesmo. "Apenas sentimentos", postei ai ao lado ans músicas.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O ego morre em sua própria gaiola de vidro

Num mundo tão ávido de amor, não admira que homens e mulheres fiquem cegados pelo glamour e pelo brilho de seus prórpios egos refletidos. Não admira que o tiro de revólver seja a última intimação. Não admira que as rodas ferozes do metrô, embora reduzam o corpo a pedaços, não consigam precipitar o elixir do amor. No prisma egocêntrico, a vítima indefesa é emparedada pela própria luz que ela refrata. O ego morre em sua própria gaiola de vidro...


MILLER, Henry. Sexus. Tradução de Sergio Flaksman. São Paulo: Companhia das Letas, 2004. p. 265

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Devemos nos transofmrar em nós mesmos

O mundo só teria alguma coisa valiosa a receber de mim a partir do momento em que eu deixasse de ser um membro sério da sociedade e me transformasse em - mim mesmo. O Estado, a nação, as nações unidas do mundo, não passavam de um imenso agregado de indivíduos a repetir os erros de seus ancestrais. Eram presos à roda assim que nasciam, e nela persisitiam até a morte - e esse moinho, tentavam dignificar dando-lhe o nome de "vida".
 
 
MILLER, Henry. Sexus. Tradução de Sergio Flaksman. São Paulo: Companhia das Letas, 2004. p. 238

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A arte não é um número solo

Nenhum artista pode aproveitar sua vida fugindo da sua tarefa [...] A arte não é um número solo; é uma sinfonia no escuro, com milhões de participantes e milhões de ouvintes [...] na verdade é quase totalmente impossível deixar de dar expressão a uma grande idéia. Somos apenas instrumentos de um poder maior. Somos autores licenciados [...] Ninguém cria sozinho, por si e para si mesmo. O artista é um instrumento que registra algo que já existia, uma coisa que pertence ao mundo todo e que, se ele for mesmo um artista, irá sentir-se compelido a devolver ao mundo.
 
 
 
MILLER, Henry. Sexus. Tradução de Sergio Flaksman. São Paulo: Companhia das Letas, 2004. p. 160

domingo, 26 de setembro de 2010

Escrever precisa ser um ato destituído de vontade.

Escrever, meditei, precisa ser um ato destituído de vontade. A palavra, como as correntes oceânicas profundas, precisam subir à superfície por seu próprio impulso. A criança não tem necessidade de escrever, é inocente. O homem escreve para livrar-se do veneno que acumula devido à falsidade do seu modo de vida. Está tentando recapturar sua inocência, mas ainda asssim tudo que consegue fazer (escrevendo) é inocular o mundo com o vírus de sua desilusão. Ninguém escreveria uma palavra sequer se tivesse a coragem de viver aquilo que acredita. Sua inspiração é desviada na fonte. Se é um mundo de verdade, de beleza e de mágica que deseja criar, por que interpõe milhões de palavras enter ele e a realidade desse mundo? Por que retarda ação? - a menos que, a exemplo dos outros homens, o que de fato deseje seja o poder, a fama, o sucesso.
 
MILLER, Henry. Sexus. Tradução de Sergio Flaksman. São Paulo: Companhia das Letas, 2004. p. 23-24

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Dionísio no Bar

http://www.baresdaufsc.com/artigos/dionisio.php

O álcool libera. Há no etilismo uma busca por esta liberalidade. Ao ser alcançada, rompe-se com a ordem. Suspende-se a norma. E essa suspensão é, sobretudo, imanente. Ou seja, ela se dá de dentro para fora do sujeito alcoolizado. Processa-se, através do álcool, o rompimento das amarras existenciais. É aí então que o ébrio se mostra como sujeito de caráter singular, único. Dá-se, assim, um cair sucessivo de suas personas.

O que resta desse desmascaramento engendrado pelo álcool é a singularidade do sujeito, verdadeiramente. A embriaguez não é simplesmente um beber movido por um hábito, vazio de sentido. Nela o sujeito morre como ser oprimido, castrado, cerceado, para renascer livre. Beber é, portanto, um rito. Um rito de passagem do homem acorrentado, amordaçado, para o homem liberto. E o lugar privilegiado para a execução deste rito é, indubitavelmente, o bar. Lugar onde o contexto de uma maior liberalidade incita a liberalidade do sujeito por meio do álcool.

No bar a imolação, ou melhor, o hecatombe se realiza no interior do próprio sujeito. Este, à medida que bebe, vai aos poucos sacrificando suas personas, construídas ao longo de uma vida para a convivência social no âmbito formal da vida, principalmente. Terminado o rito, findada a embriaguez, vinda a ressaca, o sujeito, agora renascido, pode novamente enfrentar a sociedade com suas forças renovadas. Até, pelo menos, a próxima hora feliz no bar.

A experiência com um fone de ouvido


Por A Cruz de Souza.

http://www.baresdaufsc.com/artigos/fone.php

Pretendo através do presente artigo alertar os bares vivendis sobre o risco de se ouvir música em fones de ouvido. Contudo, não falo do risco a saúde física apenas, como a diminuição gradual da acuidade auditiva. Clamo principalmente em razão do encolhimento da vivência. A miniaturização dos aparelhos e a competitividade dos preços de áudio portáteis em função do desenvolvimento tecnológico e o sua convergência para diversos outros aparelhos, como o celular, ocasionou uma explosão de vendas e o renascer de um hábito que parecia estar por morrer: o de ouvir música por meio de fones de ouvido em absolutamente qualquer lugar.

Forçosamente, o aparelho aniquila, no momento do seu uso, a audição do usuário e claramente afeta o seu comportamento. Deixa-se de contar com um importante aparelho sensorial que nos orienta, apreende e aprende o mundo ao nosso redor. A tão preciosa experiência como fonte fundamental e inesgotável de conhecimento é, sucessivamente, perdida, anulada, adiada jamais. A trilha sonora que emana no seu mundo idealizado torna o ouvinte um ser estéril entre os transeuntes abaloados em seus caminhares frenéticos e determinados. Nota-se sem dúvida uma exacerbação do individualismo e uma negação do outro, um se negar à ver. Portanto óculos escuros, fone de ouvido na orelha, boné cobrindo o rosto ou um capuz e, pronto, o indivíduo, por vontade própria, se converte em ser refratário a qualquer possibilidade de relação com o outro.

O que o indivíduo não se dá conta, porém, é que o melhor da vida e o próprio sentido dela são as relações, como mundo e com o outro. Só é possível pensar num eu em relação a um nós. Se isolado do mundo emergirá a questão: quem sou eu? Saberei quem sou e serei melhor se souber quem são os outros e o que é o mundo. Vivamos a experiência do mundo que se oferece!

Como ser simpático a todos

A Cruz de Souza

http://www.baresdaufsc.com/artigos/simpatico.php

Não só poetas são fingidores. Na vida podemos responder a interesses das pessoas de tal maneira que, na medida em que respondamos de forma correta, seremos aceitos. Trata-se de uma fórmula bastante conhecida e largamente utilizada a do ser afável. Contudo, o que é bom deve ser sempre lembrado. Vendedores e políticos são os que mais se beneficiam desta fórmula pela habilidade com que estes a manipulam. É preciso firmeza nos músculos da face para manter-se sempre agradável e alegre. Uma câimbra que seja pode comprometer toda a fórmula.

Para ser um sujeito aprazível é fundamental ser cortês e prazenteiro. Conquanto que se venha logo risonho. E que essa risada não seja por demais exagerada pra não parecer deboche. E que se seja simples, na medida. Uma apresentação em primeira instância sem mostrar os dentes o tornará um mal humorado e sério por demais para os outros. Mas não exagere, pois tolo é aquele que ri todo o tempo. Ao encontrar grupos de pessoas, a boa conduta pede que se cumprimente a todos, sem exceção. Saiba que aquele único sujeito que você não cumprimentar poderá lhe pesar mais tarde. Observe a vestimenta que deve ser sóbria, sem exageros.

Procure usar roupas independentes da moda. No entanto, em grupos inteirados com a moda vigente recomenda-se fazer o mesmo. O semblante deve estar fresco. Desde que não se exceda no frescor para não ser tomado por um vaidoso afetado, ou pior, uma bicha enrustida. Assim, barba e cabelo devem estar preferencialmente feitos ou então muito bem aparados. No diálogo, concorde com todos acredite em tudo e ria de todas as piadas. Argumento pouco, quase nada. Cuide, porém, para não deixar de argumentar algo para que não pareça um estúpido sem opinião que se deixa levar pelos outros como um barco que se entrega aos movimentos incertos das correntes marítimas. O elogio deve se prodigalizar a todos. Em momento algum permita o silêncio, rompendo-o no imediato instante em que ele se instale. A conversa não pode parar pois o silêncio é intolerável entre estranhos. Bem como é intolerável o sujeito calado. Temos, afinal, cinco sentidos, usemo-los, portanto. Assuntos suaves, que não provoquem divergências ideológicas são o ideal.

Prefira temas banais que gerem respostas uníssonas. Em refeições, beba e coma moderadamente. Querer-rás, pois, o epíteto de glutão? Certamente não. Quando de pouso em casa alheia, acorde cedo, mas também não madrugue para não acordar os outros. Jamais espere ser acordado. No caso de haver crianças por perto, considere que garotinhos impertinentes devem ser engolidos com doçura. Não mais, seja humilde, levemente curvado, porém, não medíocre. O humilde é admirado como valor do ser regrado, o medíocre não é tolerado pois é tomado como um incapaz. Mas, principalmente, tenha sempre o material fundamentalmente necessário para ser sempre simpático: Vaselina.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Blog do nosso baterista

http://fabianoforesti.blogspot.com/

Os três patéticos


Tornou-se esta gravura o símbolo da banda "Desclassificados" por ser a concreção estereotipada da atitude desclassificada, em certo sentido. Embora a banda pense num sentido lato da palavra, como tudo o que é marginal, o caos, a desordem, o múltiplo. O alegre, o infeliz e o indiferente estão colocados nas caricaturas juntos por serem eles três a expressão de atitudes patéticas. O patético incita a paixão que é o caos. Se sobrepõe a razão que é o controle e a ordem. É nesse sentido que a gravura se veincula a idéia do nome da banda, qual seja, "Desclassificados".

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Trabalho voluntário

Tava filmando uma pessoa singular, uma mulher que faz faxima mas
escreve um monte de livros, faz teatro, musica, etc.

Apresentação - maio - Básico - UFSC

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Cala a boca mina

Aconteceu comigo um dia
Uma galera que tomava anfetamina
E a coisa toda era muito louca
Porque a galera não calava a boca
 
(refrão)
Cala a boca mina
Cala a boca irmão
Pega leve na palavra
Não tá rolando comunicação
 
Aconteceu comigo um dia
Uma galera que tomava fluxotina
E a coisa toda era muito louca
Porque a galera não calava a boca
 
Aconteceu comigo um dia
Uma galera que cheirava cocaína
E a coisa toda era muito louca
Porque a galera não calava a boca
 

Composição: f. foresti
Arranjo: l. manzoni/fabiano foresti/daniel scopel/f. foresti
©Copyright 2010 Todos os direitos reservados

 

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Antes de Nós

Antes de nós nos mesmos arvoredos
Passou o vento, quando havia
E as folhas não falavam

De outro modo do que hoje.

Passamos e agitamo-nos debalde.
Não fazemos mais ruído no que
Do que as folhas das árvores
Ou os passos do vento.
 
Tentemos pois com abandono assíduo
Entregar nosso esforça à Natureza
E não querer mais vida
Que a das árvores verdes.
 
Inutilmente parecemos grandes.
Salvo nós nada pelo mundo fora
Nos saúda a grandeza
Nem sem queres nos serve.
 
Se aqui, à beira mar, o meu indício
Na areaia do mar com três ondas o apaga,
Que fará na alta praia
Em que o mar é o Tempo?
 
 
Fernando Pessoa (Ricardo Reis)
 

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O Mãos Trocadas

 
leiam, é muito engraçado

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Já não vivi em vão se escrevi bem uma canção

Já não vivi em vão
Se escrevi bem
Uma canção.
 
A vida o que tem?
Estender a mão
A alguém?
 
Nem isso, não.
Só o escrever bem
Uma canção.
 
 
Pessoa, Fernando. Poesia: 1918-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 279

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Testamento

O que não tenho e desejo
É que melhor me enriquece.
Tive uns dinheiros - perdi-os...
Tive amores - esqueci-os.
Mas no maior desespero
Rezei: ganhei essa prece.
 
Vi terras da minha terra.
Por outras terras andei.
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado,
Foram terras que inventei.
 
Gosto muito de crianças:
Não tive um filho meu.
Um filho!... Não foi de jeito...
Mas trago dentro do peito
Meu filho que não nasceu.
 
Criou-me, desde eu menino,
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde...
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Sou poeta menor, perdoai!
 
Não faço versos de guerra.
Não faço porque não sei.
Mas num torpedo-suicida
Darei de bom grado a vida
Na luta em que não lutei!
 
29/01/1943
 
Bandeira, Manuel. Antologia Poética. 8 ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olímpio, 1976. p. 119
 

A Estrela

Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.
 
Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.
 
Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alta luzia?
 
E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.
 
 
 Bandeira, Manuel. Antologia Poética. 8 ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olímpio, 1976. p. 110-111
 
 
 

Momento num café

Quando o enterro passou
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes na vida.
 
Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade
Que a vida é traição
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta.
 
 Bandeira, Manuel. Antologia Poética. 8 ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olímpio, 1976. p. 93

Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço do Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo
 
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
 
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.
 
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do manate exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.
 
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo do bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
 
 - Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
 
 
Bandeira, Manuel. Antologia Poética. 8 ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olímpio, 1976. p. 63-64
 

sábado, 3 de abril de 2010

O fim da lavadora de roupas

Máquina de lavar roupas é coisa do passado. Gasta muito tempo, água e energia elétrica. Ou seja, não é nem um pouco "ecofriendly". Veja aqui o método revolucionário que inventei, passo a passo:

1.Pegue um par de meias sujo. É melhor treinar com uma peça de roupa simples. Depois você pode fazer o mesmo com uma jaqueta
2.Jogue um pouco de sabão em pó dentro da privada. É importante e higiênico puxar a descarga antes
3.Coloque a meia dentro da privada. Mexa um pouco para fazer espuma
4.Puxe a descarga duas vezes. Uma para lavar e outra para enxaguar. Importante: segure a meia firmemente para que ela não entre pelo encanamento
5.Prontinho. Em segundos as meias estão limpinhas
6.Agora é só torcer e pendurar para secar.
 
 

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Madrigal Melancólico

O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que já nela de fragilidade e de incerteza.
 
O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.
 
O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento,
Graça que perturba e que satisfaz.
 
O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi,
Não é a irmã que já perdi,
E meu pai.
 
O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.
 
Manuel Bandeira
11 de julho de 1920
 
Bandeira, Manuel. Antologia Poética. 8 ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olímpio, 1976. p. 48-49

sexta-feira, 26 de março de 2010

As drogas na música

Lendo a coluna desta semana do meu colega aqui do Yahoo! Walter Hupsel, sobre a política de combate às drogas, resolvi falar das referências e das influências que as drogas têm na música. Não são poucas e estão presentes em todos os estilos musicais, muitas vezes servindo como uma terapia para os frequentes problemas de alguns músicos com os seus vícios.

Acho que a mais famosa é a música dos Beatles "Lucy in the Sky with Diamonds", que é uma alusão à sigla LSD (lysergic acid diethylamide – dietilamida do ácido lisérgico), uma das mais potentes substâncias alucinógenas conhecidas. Na época, a droga era uma novidade e foi muito usada pelos grandes nomes da música, principalmente pelos roqueiros. Sem ela, dificilmente o álbum "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", entre outros, seria possível. É claro que ninguém sabia muito dos efeitos devastadores que o LSD causa à saúde e muitas pessoas se perderam na loucura sem volta.

O Black Sabbath lançou em 1972 o álbum "Vol 4", que para muitos fãs é o melhor do grupo. O disco conta com uma música chamada "Snowblind", que é uma "homenagem" à cocaína - não tão explícita quanto a canção "Cocaine" de Eric Clapton, apesar de na própria letra Ozzy cantar a palavra para todos ouvirem. Na década de 70, a cocaína era a droga da vez. Todo mundo usava, desde os donos das grandes gravadoras, produtores de TV e rádio até os músicos e suas equipes. No Studio 54, famosa danceteria disco em Nova York no final da década de 70, o uso do "pó" era livre, até quase que obrigatório. Eram outros tempos e a ignorância sobre os danos causados pela droga ajudaram a destruir várias carreiras (desculpe o trocadilho). O Aerosmith que o diga, sumiu da cena por um bom tempo para se recuperar do vício. A música "Master of Puppets", do Metallica, também é uma referência à escravidão dos viciados em cocaína, sendo controlados pela dependência à droga.

O álcool é um dos assuntos preferidos para muitos músicos e um grande problema para a maioria deles. Ozzy Osbourne, quando saiu do Black Sabbath em 1979, ficou muito deprimido e se afundou no álcool e nas drogas. Foi salvo pela sua futura empresária e esposa Sharon, mas o tema foi explorado no seu primeiro disco solo "Blizard of Ozz". Na faixa "Suicide Solution", o alcoolismo é abordado por Ozzy, como se ele tivesse enfrentando os seus demônios, servindo como uma terapia. A música foi mal interpretada por muitos e um garoto se matou. Ozzy foi acusado de incitar o suicídio por meio da canção, simplesmente por que o garoto tinha o álbum em sua coleção. Depois, o músico acabou inocentado.

Veja a seguir a letra original da música:

Suicide Solution

Wine is fine
But whiskey's quicker
Suicide is slow with liquor
Take a bottle drain your sorrows
THEN IT FLOODS AWAY TOMMORROW!!
Evil thoughts and evil doings
Cold, alone you hang in ruins
Thought you'd escape the reaper
You can't escape the master keeper
'Cause you feel life's unreal and you're living a lie
Such a shame who's to blame and you're wondering why
Then you ask from your cask is there life after birth
What you saw can mean hell on this earth
Hell on this earth!!
Now you live inside a bottle
The reaper's travelling at full throttle
It's catching you but you don't see
The reaper is you and the reaper is me
Breaking laws, knocking doors
But there's no one at home
Made your bed, rest your head
But you lie there and moan
Where to hide, suicide is the only way out
Don't you know what it's really about

A maconha também é um tema que já foi muito usado em várias músicas. "Sweet Leaf", também do Black Sabbath, é uma das músicas mais famosas do grupo, obrigatória em qualquer show da banda. O clássico começa com uma forte tosse, representando as consequências de um grande "pega". Para os rastafáris, a maconha é uma planta sagrada. Na Jamaica, inspirou muitas letras do reggae, que por sua vez revolucionou o mundo da música, não só por suas dinâmicas e estruturas simples, mas pelas suas mensagens religiosas e pacíficas, colocando a erva como um instrumento para a conquista da paz.

Enfim, sendo legais ou ilegais, as drogas são uma grande parte da sociedade, não só no mundo artístico, mas  em todo o lugar. Fazem parte da história do ser humano e suas referências são expressadas de várias maneiras, principalmente pela arte. Causando danos ou não, elas estã aí e até, por muitas muitas vezes, ajudando e melhorando a nossa saúde.

Abraço, play it loud!

Andreas Kisser

Pelo direito de assistir à TV em paz

Por Ale Rocha . 26.03.10 - 16h30

Após tomar estádios de futebol e o trânsito, entre outros espaços de convivência, a TV é a bola da vez para a expressão da violência. Os telespectadores enlouquecem por qualquer motivo. Comentários sobre uma atração são transformados em algo ideológico. Se quem lê o que eu escrevo concorda, sou laureado com elogios. Se o leitor ou a leitora discorda, sou chamado de imbecil para pior.

Boa parte da população está à beira de um ataque histérico. Junte a isso o irritante comportamento politicamente correto e a inabilidade em lidar com o contraditório. Temos uma bomba-relógio.

É deplorável esta atitude de muitos telespectadores. Independe de classe social e econômica. O que deveria ser um entretenimento saudável virou combustível para ameaças e intolerância. O ringue preferido é a internet.

Há pouco mais de duas semanas, Hebe retornou à TV. Enquanto a apresentadora emocionava por sua garra contra o câncer, o humorista, Danilo Gentili, do "CQC", soltou uma piada no Twitter: "Assistam! O SBT está reprisando agora 'O Retorno da Múmia'."

Alguns apenas acharam a piada sem graça e tocaram a vida. Foi o que fiz, aliás. Outros decidiram colocar Danilo Gentili de cabeça para baixo na cruz. Ofensas pessoais e profissionais ao comediante foram publicadas aos montes. Surgiu até mesmo uma campanha para sua defenestração do "CQC".

Nesta semana, após denunciar o desvio de um televisor no quadro "Proteste Já", Danilo Gentili foi elevado à condição de justiceiro e salvador da pátria por muitos que o queriam na cruz dias antes.

 

As alianças mudam dentro do BBB 10

Como se pode observar, não há meio termo. Tudo é divido em forças opostas e incompatíveis.

Outro combustível para a violência é o "BBB 10″. Um elogio ou crítica a qualquer participante pode custar caro. Comentar uma atitude de Dourado ou Dicesar é perigoso. Dependendo da posição, rapidamente a análise será definida como homofóbica, hipócrita ou preconceituosa. Em alguns casos, até mesmo nazista (eu não escapei dessa).

Aqueles que defendem ou agridem não verão a cor do dinheiro em disputa. Sequer terão a oportunidade de conhecer o vencedor. Uma batalha inexpressiva que não leva a lugar algum.

Este comportamento agressivo e maniqueísta nada mais é do que a expressão de neuroses. Todos projetam em um programa de TV a harmonia que não têm em suas vidas. Grande parte da população vive angustiada em relacionamentos opressores, sejam eles profissionais ou pessoais. Predomina a frustração com o cotidiano.

Neste cenário, a internet surge como ferramenta de catarse. Sob o pretenso anonimato ou a falsa segurança de um botão que apaga o que foi escrito, muitos perdem a autocrítica. A sensação de impunidade, tão presente no mundo real, migra para o ambiente virtual. O terreno é fértil para quem prefere destruir a construir ou que, na falta de capacidade para formular argumentos, apela para a desqualificação do interlocutor.

 

Aqui fora, telespectadores levam adiante uma batalha onde não há vencedores

Infelizmente, a presença forte do Estado e os anos de ditadura impedem que diversos brasileiros saibam lidar com a democracia e a liberdade de expressão. Chegamos ao ponto em que muitos acreditam ser necessário autorizar a opinião de outro, sob o risco de uma campanha #ForaFulano.

Assim, o que deveria ser um passatempo prazeroso, acaba se tornando uma dor de cabeça. Nem mesmo assistir à TV em paz é possível atualmente.

 

http://colunistas.yahoo.net/posts/911.html

quinta-feira, 25 de março de 2010

Mais uma canalha - letra

Ah, abram-me outra realidade [...]
Quero encontrar as fadas na rua!
Quero desimaginar-me desse mundo feito com garras,
Desta civilização feita com pregos.
Quero viver como uma bandeira a brisa,
Símbolo de qualquer coisa no alto de uma coisa qualquer.
Depois encerrem-me onde queiram.
Meu coração verdadeiro continuará velando
[...]
No alto do mastro das visões
Aos quatro ventos do mistério.

Álvaro de Campos


Abram-me outra realidade
Quero encontrar as fadas na rua!
Abram-me outra realidade
Quero encontrar as fadas na rua!

Tire o seu cinto de castidade
Quero encontrar você semi-nua
Vamos brincar com a realidade
Não vamos ficar esperando as alturas

Tragam-me mais uma cerveja
Quero beber todas até esquecê-la
Tragam-me mais uma vodka
Quero beber até entrar em órbita

Tragam-me mais uma canalha
Quero transformar minha vida um inferno
Tragam-me mais uma canalha
Quero transformar minha vida um inferno


Composição: f. foresti
Arranjo: l. manzoni/fabiano foresti/daniel scopel/f. foresti
©Copyright 2010 Todos os direitos reservados

sexta-feira, 19 de março de 2010

Judiaria - Arnando Antunes

E                                  F#m
Agora você vai ouvir aquilo que merece
    B                                        E
As coisas ficam muito boas quando a gente esquece
                                         F#m
Mas acontece que eu não esqueci a sua covardia

A sua ingratidão
     B                     
A judiaria que você um dia
              E
Fez pro coitadinho do meu coração
         A
Essas palavras que eu estou lhe falando
            E
Têm uma verdade pura, nua e crua
                 F#m              B
Eu estou lhe mostrando a porta da rua
               E
Pra que vocês saia sem eu lhe bater
          A
Já chega o tempo que eu fiquei sozinho
                 E
Que eu fiquei sofrendo, que eu fiquei chorando
       F#m                     B
Agora quando eu estou melhorando
            A                 E
Você me aparece pra me aborrecer
 
 

segunda-feira, 1 de março de 2010

Chama e Fumo

Amor - chama, e, depois, fumaça...
Medita no que vais fazer:
O fumo vem, a chama passa...
 
Gozo cruel, ventura escassa,
Dono do meu e do teu ser,
Amor - chama, e, depois, fumaça...
 
Tanto ele queima! e, por desgraça,
Queimado o que melhor houver,
O fumo vem, a chama passa...
 
Paixão puríssima ou devassa,
Triste ou feliz, pena ou prazer,
Amor - chama, e, depois, fumaça...
 
A cada par que a aurora enlaça,
Como é pungente o entardecer!
Amor - chama, e, depois, fumaça...
 
Porquanto, mal se satisfaça,
(Como te poderei dizer?...)
O fumo vem, a chama passa...
 
A chama queima. O fumo embaça.
Tão triste que é! Mas... tem de ser...
Amor?... - chama, e, depois, fumaça:
O fumo vem, a chama passa
 
 
Bandeira, Manuel. Antologia Poética. 8 ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olímpio, 1976. p. 10-11
 

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
 
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
 
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
 
- Eu faço versos como quem morre.
 
Bandeira, Manuel. Antologia Poética. 8 ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olímpio, 1976. p. 8

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Blues literário



A cidade antiga,
O discurso do método,
A auto-biografia,
De Erick Clapton.
 
Todos os nomes,
Carta ao meu pai,
Pedagogia profana,
Brasil nunca mais.
 
A palavra escrita,
A história da arte,
A misteriosa chama,
Da rainha Loana....
 
(refrão)
Eu li todos estes livros e só fiquei mais burro,
Quanto mais eu leio vejo quão pequeno é o mundo.
 
 
composição: f. foresti
Banda Desclassificados

Bêbado inconsciente

Nada um desprazer me imponha!
Livre estou, gozando a esmo;
Ar fresco e canção risonha
Ando os inventando eu mesmo.
 
Bebo, bebo, os copos trinco!
Toque os copos, tlim-tilinco!
Lá detrás, tu, vem pra cá!
Toque os copos, feito está.
 
Minha mulher gritou, brava,
De meu traje ela caçoou;
Enquanto eu me empertigava,
De palhaço me xingou.
 
Mas eu bebo, bebo e brinco,
Todos brindo, tlim-tilinco!
Eh, saúde, tra-lá-lá!
Ao tinir, já feito está.
 
Pois dizei, se é vida boa!
Se não fia o impertimente
Do patrão, fia a patroa,
E no fim, fia a servente,
 
Fia, e bebo que nem cinco,
Bebo a todos! tlim-tilinco!
Cada um a outro! adiante vá!
Ao que vejo, feito está.
 
Onde há riso e diversão,
Valha a farra do momento,
Deixai-me caído no chão,
Pois em pé já não me aguento.
 
GOETHE, Johann Wolfgang von. Fausto. Tradução de Janny Klabin Segall. Belo Horizonte: Itatiaia, 1997. p. 226. (Grandes obras da cultura universal, 3)

Os pequeninos feitos

É praxe antiga e de ótimos efeitos
Serem, no grande mundo, os pequeninos feitos.
 
GOETHE, Johann Wolfgang von. Fausto. Tradução de Janny Klabin Segall. Belo Horizonte: Itatiaia, 1997. p. 181. Grandes obras da cultura universal, 3)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Gravações novas e baratas

Mais uma canalha, eles disseram, vazaram meu coração e mais uma....
 
 
:)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

terça-feira, 19 de janeiro de 2010