segunda-feira, 1 de março de 2010

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
 
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
 
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
 
- Eu faço versos como quem morre.
 
Bandeira, Manuel. Antologia Poética. 8 ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olímpio, 1976. p. 8

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