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O álcool libera. Há no etilismo uma busca por esta liberalidade. Ao ser alcançada, rompe-se com a ordem. Suspende-se a norma. E essa suspensão é, sobretudo, imanente. Ou seja, ela se dá de dentro para fora do sujeito alcoolizado. Processa-se, através do álcool, o rompimento das amarras existenciais. É aí então que o ébrio se mostra como sujeito de caráter singular, único. Dá-se, assim, um cair sucessivo de suas personas.
O que resta desse desmascaramento engendrado pelo álcool é a singularidade do sujeito, verdadeiramente. A embriaguez não é simplesmente um beber movido por um hábito, vazio de sentido. Nela o sujeito morre como ser oprimido, castrado, cerceado, para renascer livre. Beber é, portanto, um rito. Um rito de passagem do homem acorrentado, amordaçado, para o homem liberto. E o lugar privilegiado para a execução deste rito é, indubitavelmente, o bar. Lugar onde o contexto de uma maior liberalidade incita a liberalidade do sujeito por meio do álcool.
No bar a imolação, ou melhor, o hecatombe se realiza no interior do próprio sujeito. Este, à medida que bebe, vai aos poucos sacrificando suas personas, construídas ao longo de uma vida para a convivência social no âmbito formal da vida, principalmente. Terminado o rito, findada a embriaguez, vinda a ressaca, o sujeito, agora renascido, pode novamente enfrentar a sociedade com suas forças renovadas. Até, pelo menos, a próxima hora feliz no bar.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Dionísio no Bar
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