quarta-feira, 8 de julho de 2009

Minha mulher, a solidão

Minha mulher, a solidão,
consegue que eu não seja triste.
Ah, que bom é ao coração
ter este lar que não existe!

Recolho a não ouvir ninguém,
Não sofro o insulto de um carinho,
E falo alto sem que haja alguém:
nascem-me os versos no caminho.

Senhor, se há bem que o céu conceda
submisso à opressão do Fado,
dá-me eu ser só, - veste de seda -,
e falar só – leque agitado.
Fernando Pessoa

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