sexta-feira, 30 de março de 2012
Como pinga
quarta-feira, 28 de março de 2012
Devolve meu coração
Millôr Fernandes morreu. Que merda!
O desenhista, jornalista, dramaturgo e escritor Millôr Fernandes morreu na noite de terça-feira (27), aos 88 anos, em sua casa no Rio. De acordo com a família, ele sofreu falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca.
O velório será realizado na quinta (29), das 10h às 15h no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária do Rio. Depois, o corpo será cremado em cerimônia restrita à família.
Em novembro de 2011, Millôr Fernandes recebeu alta depois de quase cinco meses internado na Casa de Saúde São José, situada em Botafogo, zona sul do Rio --em fevereiro do ano passado, ele sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) isquêmico.
Millôr deixa dois filhos, Ivan e Paula, frutos de seu relacionamento com Wanda Rubino. Dois de seus irmãos são vivos: Ruth, que mora no Equador, e Hélio, proprietário do jornal "Tribuna da Imprensa".
Ricardo Moraes/Folhapress | ||
O escrito Millôr Fernandes, que morreu em sua casa no Rio aos 88 anos |
Nascido no bairro do Méier, no Rio, Millôr nasceu Milton Fernandes em 23 de agosto de 1923, mas foi registrado em 27 de maio de 1924. Anos mais tarde, quando foi ver sua certidão de nascimento, reparou que o "T" tinha aspecto de "L" e o "N", inconcluso, parecia um "R", sugerindo a grafia Millôr em vez de Milton. Assumiu-se, então, Millôr.
Millôr perdeu os pais ainda criança -- o pai morreu de intoxicação quando ele era bebê e a mãe, vítima de câncer, quando ele tinha dez anos.
Em 1938, aos 14, Millôr entrou no Liceu de Artes e Ofícios e começou a trabalhar profissionalmente na revista "O Cruzeiro". Naquele momento, se tornaria um dos principais nomes do jornalismo e das artes no Brasil. Registros constatam, inclusive, que, no período em que ele ficou no "Cruzeiro", as vendas subiram de 11 mil para 750 mil exemplares.
Foi também um dos criadores do jornal "O Pif-Paf". Apesar de ter durado apenas oito edições, a publicação é considerado o início da imprensa alternativa no Brasil. Ele foi ainda um dos colaboradores de "O Pasquim", reconhecido por seu papel de oposição ao regime militar.
Com diversas aptidões --para o desenho, a prosa, a poesia, o teatro, a literatura--, raramente se sentia frustrado. Foi premiado como desenhista (dividiu com seu ídolo Saul Steinberg [1914-1999] o primeiro lugar na Exposição Internacional do Museu da Caricatura de Buenos Aires, em 1955), requisitado como tradutor (de Shakespeare, Molière, Sófocles, Bernard Shaw), autor de peças célebres como "Liberdade, Liberdade" (1965), uma das obras pioneiras do teatro de resistência ao regime militar, feita em parceria com Flávio Rangel e encenada pelo Grupo Opinião, com Paulo Autran e Tereza Rachel.
Acervo UH/Folhapress | ||
O desenhista, jornalista, dramaturgo e escritor Millôr Fernandes em outubro de 1970 |
Publicou mais de 50 livros a partir de 1946, boa parte compilando textos humorísticos e desenhos feitos para a imprensa, dentre eles "Fábulas Fabulosas" (1964) e "A Verdadeira História do Paraíso" (1972). Veja outras de suas publicações "[aqui]".http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1068385-veja-cronologia-e-algumas-obras-de-millor-fernandes.shtml.
Entre os múltiplos talentos de Millôr também estava o de roteirista. Foram mais de dez roteiros criados para o cinema, individualmente --"Modelo 19" (1952, mais conhecido como "O Amanhã Será Melhor"; "Amor para Três" (1960), "Ladrão em Noite de Chuva" (1960); "Esse Rio que Eu Amo" (1962), "Crônica da Cidade Amada" (1965), "O Menino e o Vento" (1967) e "Último Diálogos" (1995)-- ou em parceria, como "O Judeu" (1995), com Geraldo Carneiro e Gilvan Pereira, e "Mátria" (1998), com Carneiro e Jom Tob Azulay. Em "Terra Estrangeira" (1995), dirigido por Walter Salles e Daniela Thomas, participou com diálogos adicionais.
Millôr foi uma das primeiras personalidades brasileiras a ter espaço na internet, inaugurando seu site, que segue no ar até hoje, no ano 2000. No Twitter, tem mais de 368 mil seguidores.
POLÍTICA E JORNALISMO
Seu humor crítico e inclemente lhe traria problemas também com governantes, desde o presidente Juscelino Kubitschek (que censurou seu programa "Treze Lições de um Ignorante", na TV Tupi Rio, após uma piada com a primeira-dama) até os militares que atacaram "O Pasquim" --jornal que ele ajudou a criar-- durante a ditadura.
A política também causaria o fim de seu primeiro período (1968-1982) na revista "Veja", quando se negou a cessar o apoio público a Leonel Brizola nas eleições para governador do RJ em 1982.
Em setembro de 2004, voltaria à "Veja", mas sairia cinco anos depois --seu contrato não seria renovado após Millôr questionar (a princípio extrajudicialmente) a publicação de suas colunas antigas na edição digital da revista.
Na Folha, Millôr Fernandes assinou uma coluna semanal, no caderno dominical "Mais!", entre julho de 2000 e agosto de 2001.
Gosto de gente que diz não
segunda-feira, 26 de março de 2012
No horizonte da vida linhas firmes e tranquilas
NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Tradução de Antônio Carlos Braga. 2. ed. São Paulo: Escala, [198-?]. 356 p. ISBN 85-7556-757-8 (Grandes obras do pensamento universal, 42)
O gênio
NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Tradução de Antônio Carlos Braga. 2. ed. São Paulo: Escala, [198-?]. 356 p. ISBN 85-7556-757-8 (Grandes obras do pensamento universal, 42)
É quando a arte...
NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Tradução de Antônio Carlos Braga. 2. ed. São Paulo: Escala, [198-?]. 356 p. ISBN 85-7556-757-8 (Grandes obras do pensamento universal, 42)
Os chamados talentos...
NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Tradução de Antônio Carlos Braga. 2. ed. São Paulo: Escala, [198-?]. 356 p. ISBN 85-7556-757-8 (Grandes obras do pensamento universal, 42)
quinta-feira, 22 de março de 2012
Em sonho ser feliz
Depois de tudo o que aconteceu.
Te vi em sonho e meu sonho se perdeu.
Fiquei mais só, meu coração adoeceu.
Quero sonhar com você todas as noites,
Acordar com um semblante doce
E fazer o dia especialmente feliz.
Sonhar que nos vimos em sonho,
E em sonho conseguimos ser feliz.
domingo, 18 de março de 2012
Companhias vulgares
Por que sentimos remorsos depois te termos ficado em companhias vulgares? Porque tomamos com leviandade coisas importantes, porque ao falar com certas pessoas não falamos com toda a boa-fé ou porque guardamos silêncio quando devíamos ter falado, porque no momento não tivemos coragem de levantar bruscamente e deixar o grupo, em suma, porque nos comportamos nessa companhia como se fizéssemos parte dela. P. 248
NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Tradução de Antônio Carlos Braga. 2. ed. São Paulo: Escala, [198-?]. 356 p. ISBN 85-7556-757-8 (Grandes obras do pensamento universal, 42)
sábado, 17 de março de 2012
A alma de um homem se desgasta
A alma de um homem se desgasta também por um contato contínuo; pelo menos é o que acaba por nos parecer – nunca mais haveremos de rever sua figura e sua beleza originais. Sempre se perde no relacionamento demasiado íntimo com mulheres e amigos; e nisso se perde às vezes a pérola da própria vida. p. 275
NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Tradução de Antônio Carlos Braga. 2. ed. São Paulo: Escala, [198-?]. 356 p. ISBN 85-7556-757-8 (Grandes obras do pensamento universal, 42)
Que seja dito para os homens capazes de dar-se conta
NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Tradução de Antônio Carlos Braga. 2. ed. São Paulo: Escala, [198-?]. 356 p. ISBN 85-7556-757-8 (Grandes obras do pensamento universal, 42)
Atormentar nossa prudência
As pessoas que, em nossas relações com elas, querem atormentar nossa prudência com suas lisonjas, usam e um meio perigoso, semelhante ao narcótico que, se não leva a adormecer, deixa mais desperto. P. 241
NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Tradução de Antônio Carlos Braga. 2. ed. São Paulo: Escala, [198-?]. 356 p. ISBN 85-7556-757-8 (Grandes obras do pensamento universal, 42)
Nossas ações
Raramente se haverá de errar, se forem atribuídas as ações extremas à vaidade, as medíocres ao costume e as mesquinhas ao medo. P. 86
NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Tradução de Antônio Carlos Braga. 2. ed. São Paulo: Escala, [198-?]. 356 p. ISBN 85-7556-757-8 (Grandes obras do pensamento universal, 42)
sexta-feira, 16 de março de 2012
Penúria simbólica e abundância material
A morte recente de uma professora quando tentava salvar seu automóvel de uma enchente é sem dúvida trágica. Mas como toda tragédia que os gregos nos legaram, este fato nos traz algum ensinamento: ele é sintomático destes tempos ditos pós-modernos. A professora preferiu colocar sua vida em risco, ainda que sob os chamados de desencorajamento de algumas pessoas, para salvar seu carro. Mas para ela certamente não era somente um carro. Para que se atirasse em tamanho perigo era porque neste carro havia dispendido um bom dinheiro e uma vida de trabalho.
Contudo não se pode dizer que a professora quis a salvar sua vida que dedicou ao trabalho através do salvamento do carro. Ainda que salvando o veículo, a vida não se resgata, naturalmente. Mas se pode dizer que foi o dinheiro então que ela quis salvar, na possibilidade eminente da perda do veículo. Note que a possibilidade de perder um carro - ou um punhado de dinheiro fictício - e perder a própria vida são colocadas lado a lado, no mesmo patamar de valor. Pois a professora não só arriscava-se perder o carro como arriscava-se perder a sua vida, o que ocorreu, infelizmente.
Não obstante, ainda não era só dinheiro. O seu carro era seu espelho. Nele ela refletia seus valores. Valores efêmeros e de moda, valores forjados, transcendentes ao objeto, embutidos pelo marketing que aplica conscienciosamente a ciência com objetivo vil, para fins imorais. Foi, então, em nome de valores fictícios, forjados e efêmeros, valores que ela acreditava e por isso se atirou com tanta gana ao veículo. É como se o valores que ela atribuía ao seu carro e os que o carro atribuía a ela pudessem serem restituídos à proprietária se tivesse salvado o seu automóvel. Sabedoria chinesa: Salve-se antes de tudo.Alexandre, O Pequeno
Bem-Querer - Chico Buarque
Quando o meu bem-querer me vir
Estou certa que há de vir atrás
Há de me seguir por todos
Todos, todos, todos o umbrais
E quando o seu bem-querer mentir
Que não vai haver adeus jamais
Há de responder com juras
Juras, juras, juras imorais
E quando o meu bem-querer sentir
Que o amor é coisa tão fugaz
Há de me abraçar com a garra
A garra, a garra, a garra dos mortais
E quando o seu bem-querer pedir
Pra você ficar um pouco mais
Há que me afagar com a calma
A calma, a calma, a calma dos casais
E quando o meu bem-querer ouvir
O meu coração bater demais
Há de me rasgar com a fúria
A fúria, a fúria, a fúria dos animais
E quando o seu bem-querer dormir
Tome conta que ele sonhe em paz
Como alguém que lhe apagasse a luz
Vedasse a porta e abrisse o gás