sexta-feira, 28 de outubro de 2011
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Minha mulher, a solidão
Minha mulher, a solidão,
consegue que eu não seja triste.
Ah, que bom é ao coração
ter este lar que não existe!
consegue que eu não seja triste.
Ah, que bom é ao coração
ter este lar que não existe!
Recolho a não ouvir ninguém,
Não sofro o insulto de um carinho,
E falo alto sem que haja alguém:
nascem-me os versos no caminho.
Senhor, se há bem que o céu conceda
submisso à opressão do Fado,
dá-me eu ser só, - veste de seda -,
e falar só – leque agitado.
submisso à opressão do Fado,
dá-me eu ser só, - veste de seda -,
e falar só – leque agitado.
Fernando Pessoa
Quando canto o que não minto...
Quero ser livre, insinsero,
Sem crença, dever ou posto.
Prisões, nem de amor as quero,
Não me amem, porque não gosto.
Quando canto o que não minto
E choro o que sucedeu,
É que esqueci o que sinto
E julgo que não sou eu.
De mim mesmo viandante
Colho as músicas na aragem,
Que a minha própria alma errante
É uma canção de viajem.
E cai um grande e calmo efeito
De nada ter razão de ser
Do céu nulo como um direito
Na terra vil como um dever.
A chuva morta ainda ensopa
O chão nocturno do céu limpo,
E faço, sob a aguada roupa,
Figuras sociais a tempo.
PESSOA, Fernando. Poesia: 1918-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 487 p.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
O meu método de desforra
O meu método de desforra consiste em mandar, o mais rápido possível, uma atitude inteligente atrás de uma burrice: assim, talvez a mesma ainda possa ser alcançada. Para falar numa comparação: eu mando um pote de confeites para me livrar de uma história azeda... Basta que me façam algo de mau, que eu vou à "desforra" por causa disso, isso é certo: em pouco tempo encontro uma oportunidade de expressar meu agradecimento ao "malfeitor" (inclusive agradecendo-lhe o mal-feito) – ou de pedir algo a ele, o que pode ser mais cortês do que dar alguma coisa... A carta mais grosseira, ainda é mais bondosa, mais honesta do que o silêncio. Àqueles que silenciam quase sempre lhes falta algo em fineza e polidez de coração; silenciar é uma falta objeção; engolir sapos faz, irremediavelmente, um mau caráter – e inclusive estraga o estômago... Todos aqueles que silenciam são dispépticos. – Vede bem, eu não pretendo ver a grosseria sendo desprezada, ela é, de longe, a forma mais humana da objeção e, em meio à suavização moderna, uma de nossas maiores virtudes. Se a gente é rico o suficiente, é até mesmo uma ventura não ter razão. Um deus, que viesse à terra, por certo não haveria de fazer nada a não ser injustiças – tomar não o castigo, mas sim a culpa sobre as costas, isso é que seria divino.
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Ecce Homo: de como a gente se torna o que a gente é. Porto Alegre: L&PM, 2002. 208 p. 17 cm
domingo, 9 de outubro de 2011
Lançamento Oficial do álbum "Vem Violeiro!"
Lançamento do CD Vem Violeiro! Foi gravado no Estúdio Jardim Elétriko em Florianópolis em um clima de muito amor, descontração, amizade e músicas feitas com sangue! Acessar o álbum. |
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