O texto apresentado abaixo foi, ipsis litteris, transcrito dos relatos de F. Foresti. Embora inverossímil, a experiência aqui descrita é considerada por ele como um fato.
No outono de 2006 o bibliotecário F. Foresti empreendia uma caminhada solitária pela praia do Moçambique, leste da ilha de Santa Catarina, ao crepúsculo, no romper da noite. Carregava consigo uma mochila e seu violão. A lua se fazia cheia e uma tênue neblina formava-se pelo mar. A praia, tipicamente deserta nesta época do ano, desaparecia no horizonte fazendo-se infinita. Ouviam-se tão só os sons da natureza. Moçambique era toda dele como o primeiro descobridor. Já não se via mais o sol no horizonte quando surgiu no céu límpido uma luz muito brilhante que se deslocava em sua direção. Cada vez mais intensa na medida em que se aproximava, a luz cegava e desnorteava Fabrício. Quando num átimo a luz voejante se encontrou com ele a intensidade do choque deixou-o inconsciente e daí por diante de nada Fabrício se recorda até o momento em que despertou, ainda nauseabundo, em uma espécie de laboratório muito diferente de tudo o que ele já havia visto, mesmo em filmes de ficção científica. Neste momento, encontrava-se ele deitado nu e completamente imóvel, embora não estivesse preso. Não podia de forma alguma se movimentar e tudo o que era capaz de realizar por vontade própria era o movimento dos olhos e o vagar dos seus pensamentos. Ali Fabrício presenciou uma série de testes muito estranhos aos quais ele foi submetido por quatro seres, um deles na forma de lagarto. Os seres pareciam se comunicar pelo pensamento e quando queriam se comunicar com ele transmitiam a mensagem telepaticamente de forma que Fabrício compreendia perfeitamente o que eles “diziam” como que transmitida em português, embora não a fosse. Os testes eram operados somente com a força de seu pensamento. Assim, estranhas imagens surgiam no ar como projeção de uma realidade virtual sobre seus olhos e a ele era imposta a condição de escolha ou negação, desejo ou repulsa, dor ou prazer. Ao fim do teste, depois de um tempo que ele descreve como sendo várias horas, e que na verdade ele veio a notar que no tempo cronológico da Terra foram apenas alguns minutos, Fabrício foi deslocado para outro ambiente após enviarem uma mensagem telepática para ele em que diziam de forma clara e seca: “Você foi desclassificado.” Nesta outra sala Fabrício se encontrava na presença de um destes seres que trazia com ele sua mochila e seu violão. Enquanto Fabrício permanecia imóvel a observar seus movimentos o estranho ser manuseava com tatear de curiosidade o instrumento musical. Após alguns segundos já o fazia de forma bastante habilidosa como se houvesse praticado durante anos luz. E então, ali mesmo, por meio de uma conexão telepática, Fabrício e o ser que se identificou como Iliúcha, compuseram diversas músicas juntos. O ser parecia livre de sua seriedade e secura habitual parecendo contagiado pela música. Após um chamado enérgico vindo de algum lugar externo a sala, o ser abandonou repentinamente o instrumento prometendo, porém, comunicar-se com ele novamente para dar continuidade as composições. Novamente, Fabrício entrou em estado de inconsciência e quando despertou estava no mesmo ponto em que foi abduzido momentos antes, na praia do Moçambique. Atordoado, retornou para a sua casa sem saber ao certo o que havia se passado e com uma série de músicas na cabeça. A partir daí, após algum tempo, Fabrício convidou seu irmão Fabiano que então tocava bateria e o amigo Leonardo, baixista, para formarem uma banda capaz de executar essas músicas e outras que até hoje ele compõe telepaticamente com aquele estranho ser.
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