terça-feira, 29 de janeiro de 2013
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
domingo, 6 de janeiro de 2013
Do que se pode aprender de uma rua estreita
Não é ao engenheiro urbanista que a rua estreita indaga aquilo que dela se pode aprender. Não, não é. A razão do engenheiro se impõe em vias asfálticas largas e segmentadas. Mas a rua estreita é tortuosa e sinuosa e não comporta segmentação alguma. É um espaço de todos e para todos, pessoas e meios.
A rua estreita, sem calçada para pedestres, tampouco via de ciclistas, irregular por ser projeto de contingência, tem aqui o nome de servidão. Não haveria nome mais apropriado ao seu caráter de estado de servo. Também servidão significa espaço privado servido ao bem público para lugar de passagem. Criado, em geral, por conta da demanda por lotes, para servir aos clientes do loteador.
Do que se pode afinal – indaga o leitor impaciente – aprender de uma rua estreita? Ora, a servidão indaga ao passante primeiramente que carros, cavalos, bicicletas, carroças, skates e pessoas têm o mesmo direito sobre o mesmo espaço. Não existe segmentação alguma, de modo que nada se exclui ou é negado para a servidão. Este é o primeiro ensinamento que ela nos oferece. Acaso minto em dizer que uma rua racional, segmentada, ordenada, necessariamente exclui do seu uso os meios que não obedecem ao ordenamento da segmentação?
Outro saber da servidão é este sutil paralelo com a vida: esta como aquela se modela servindo a um projeto ao mesmo tempo em que se obriga a definir a forma última diante da contingência. Um último conhecimento recolhido das indagações da servidão – Sim! Pois ela que me indagou todo esse conhecimento. – é o do respeito. A servidão ensina ao passante ceder ao outro a passagem antes que esse o faça. "Quem é capaz de tamanha humildade?" Indaga a servidão.
A cruz de sousa
05/01/2013
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